A Imigração Italiana para o Brasil no século XIX, apesar de parecer
promissora de inicio, principalmente para os que viviam na miséria na Itália e
viram nessa viagem uma forma de ascensão, deixou muito a desejar. De certo modo
foi boa, mas não para os camponeses que chegavam aqui aos milhares, mas sim
para os grandes fazendeiros da época, que se viam prejudicados pelas novas leis
em relação ao trabalho escravo. Os Italianos esperavam fartura, posses de
terras e ascensão social, mas foram submetidos a condições sub-humanas já na
viagem para o Brasil, não melhorando nem um pouco ao desembarcarem e perceberem
que foram vitimas de uma propaganda totalmente enganosa e de um sistema que
visava o lucro, mas não para eles.
COLONO ITALIANO NO Núcleo COLONIAL GAVIãO PEIXOTO, 1911 - Acervo Digital do Museu da Imigração.
http://museudaimigracao.org.br/acervodigital/upload/fotografias/MI_ICO_AMP_008_001_029_001.jpg
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O inicio da Imigração Italiana para o Brasil teve no principio caráter
politico, tanto espontânea como forçada. No primeiro caso, em um acordo entre a
Coroa das Duas Sicílias e a Corte Brasileira, eram enviados alguns "facínoras"
ao Brasil para serem exilados políticos do Estado do Vaticano. No segundo caso,
a emigração espontânea era de refugiados políticos, como exemplo de Garibaldi.
Entre 1887 e 1902 a emigração italiana para o Brasil
se fortaleceu. O Brasil tinha uma demanda grande de terras. A província de São
Paulo, em 1835, decidiu custear a introdução de imigrantes na região,
principalmente depois que o tráfico de escravos da África foi proibido e em
1840 o café passou a substituir o açúcar como mercadoria de exportação e
precisava de mão-de-obra para suprir a grande produção, e para conseguir cada
vez mais viajantes foi feita uma enorme divulgação e propaganda das colônias de
imigrantes no Brasil, mas certamente não condizia em nada com a verdadeira
condição que os Italianos encontrariam aqui.
Carta de Filho para o Pai convidando-o a residir no Brasil - Acervo Digital do Museu da Imigração
Carta de Filho para o Pai convidando-o a residir no Brasil - Acervo Digital do Museu da Imigração
Com isso, foi
introduzida uma política de emigração feita pelo governo brasileiro em que eram
adiantadas aos colonos as despesas da viagem, alimentação e equipamentos
agrícolas durante o primeiro ano de instalação, mas esse adiantamento seria cobrado
e deveria ser pago mais tarde aos fazendeiros e com juros! Os Italianos
recebiam uma pequena parte de terra para cultivo de café e gêneros de subsistência
(arroz, Feijão, Milho, Batata), que poderiam ser vendidos no comércio caso
sobrassem.
Panfleto que os Agentes de Propaganda utilizavam para promover a emigração na Itália.
" Na América, terras no Brasil para Italianos. Navios em partida todas as semanas do Porto de Gênova. Venham construir seus sonhos com a família. Um País de oportunidade. Clima tropical e abundância, Riquezas minerais. No Brasil vocês poderão ter seu castelo. O Governo dá terras e utensílios a todos."
Lista de chegada de imigrantes no Porto de Santos
No caso do café, metade dos lucros da colheita ia para o fazendeiro. Esse sistema deixavam os Italianos endividados, pois era feito um acordo e um tipo de contrato, que era interpretado pelo fazendeiro do jeito que lhe fosse conveniente. Os Italianos recebiam um salário ao fim da colheita, que no caso poderia ser uma vez por ano e eram muito comuns descontos exorbitantes neste pagamento, que era pouco e demorava a vir, e quando vinha, os fazendeiros encontravam motivos para que fosse extraída uma parte da quantia. Qualquer coisa era motivo para desconto, os mais usados eram falta de respeito, ausência sem justificativa e a recusa de praticar novos trabalhos.
Para impedir que os emigrantes tomassem posse de terras quando chegassem
ao Brasil, foi aprovada a Lei das Terras, que impedia o acesso a terra por
outro meio que não fosse à compra. Isso só favorecia ainda mais os grandes
proprietários de fazendas, já que para sua sobrevivência, o emigrante tinha que
se submeter ao trabalho pesado e más condições de vida nas fazendas de café. Um
exemplo era a idade em que as crianças começavam a trabalhar nos pés de café,
cerca de 6-7 anos.
Família Imigrantes Italianos - Acervo Digital do Museu da Imigração
Um dos principais portos de embarque na Itália era o de Gênova (como podemos ver no Panfleto acima). As
viagens demoravam cerca de dois meses nos Veleiros, mas com o surgimento da
navegação a vapor esse período se reduziu para 21-30 dias. Havia um grande índice
de mortalidade durante as viagens, em particular infantil devido às más
condições na viagem oferecida pelas companhias Italianas.
A má condição das viagens e das condições de vida em que os emigrantes
encontravam no Brasil serviu para que em 1902 fosse proibida pela Itália a
emigração subsidiada. Inúmeras denuncias surgiram com por meio da imprensa ou
de publicações Italianas mostrando as péssimas condições de vida dos imigrantes
que residiam no Brasil. Denuncias como mulheres violentadas, homens
chicoteados, doenças, não pagamento de salario e miséria.
Passaporte de mulher Italiana. 1920 - Acervo Digital do Museu da Imigração
http://museudaimigracao.org.br/acervodigital/upload/fotografias/MI_ICO_AMP_018_001_117_001.jpgpassaporte 1920
Para saber mais
O Museu da Imigração do Estado de São Paulo tem um rico acervo de documentos que ajudam a contar a história dos imigrantes que vieram para o Brasil tentar uma vida melhor, grande parte está digitalizada e acessível para o público em geral.
Lá existem cerca de 848 cartas de imigrantes Italianos e vários outros documentos como listas de embarque dos navios, fotos e jornais da época.
Referências: Trento, Ângelo. Do Outro Lado do Atlântico: Um século de Imigração Italiana no Brasil. São Paulo: Nobel: Istituto Italiano di Cultura di San Paolo: Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro - 1988.
Documentos retirados do Museu da Imigração de São Paulo.
Referências: Trento, Ângelo. Do Outro Lado do Atlântico: Um século de Imigração Italiana no Brasil. São Paulo: Nobel: Istituto Italiano di Cultura di San Paolo: Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro - 1988.
Documentos retirados do Museu da Imigração de São Paulo.
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